segunda-feira, 26 de março de 2012
Revolução...
Já não escreves por sentir, já perdeste toda a distancia. A maquina absorveu-te nas suas engrenagens e vai desfiando cada uma das tuas células até à exaustão. Fumos e químicos impregnam a tua pele asfixiando cada um dos teus poros e rasgando lentamente a paciência dos teus neurónios quee corroem o teu ser.
Avança, solta-te, respira livre o ar poluído da cidade, ergue titãs das águas e destrói cidades. Clama pela turba enlouquecida e precipita-a na revolução...
terça-feira, 25 de maio de 2010
Auto Retrato
Às vezes desejo morrer, mas no fundo sei que não sou fraco ao ponto de alguma vez me matar. Admito que nem sempre sou a pessoa mais conviniente, mas no fundo ninguém é. Poluimos o nosso proximo como bons virus que somos, infectamos cada um dos seus sentidos, e à medida que nos aproximamos mais, perdemos um pouco de nós na absorção do outro. A individualidade nunca deixará de ser a utopia do Homem, e com ela morremos. No fundo dizer que alguma vez existimos poderá ser uma fantasia tão grande como a própria adopção do conceito de tempo. Onde vivem os fantasmas? Onde estão as memória? Será que as memórias não serão apenas fantasmas que nunca partiram ou se perderam no tempo? O tempo mais não é que a própria noção desfigurada do que somos, e nisso esta a tristeza da não existencia de futuro. Vivemos no limbo, somos aquilo que nunca será ou que alguma vez foi, somos o momento e a circunstância que ele encerra, somos nada sendo tudo, e nunca nos vamos encontrar, porque não sabemos olhar o agora. Vivemos aprisionados à face reflecida no espelho, somos guardas do nosso próprio sofrimento, não coabitamos a orbita de nenhum astro, somos apenas o buraco negro dos nossos sentidos, as estrelas dos nossos sonhos, e a doença encarnada no virus.
quarta-feira, 21 de janeiro de 2009
Espero..
É de vidro o meu peito, é de vidro e parte, parte para bem longe, e desfaz-se nas minhas mãos. Que lâminas estranhas essas que usas para dilacerar as minhas células! Que pérfido sorriso esse, que emanas por tão bela alma, que luzes brilhantes as que te incêndeiam a aura. Um abraço! Que mais me resta pedir-te? Apenas um abraço, um que não rasgue os meus musculos, que nao destrua as minhas veias, apenas um abraço, um tão forte que me esmague o ser, um tão forte que me faça desaparecer, um tão meigo que me faça sentir teu.
Esconde os punhais, deixa de lado essa mesa de tortura em que te recrias com os meus demónios.. Vem apaziguar este resto que há em mim, vem lançar água neste solo seco e farto em pegadas. Desde sempre deambulou nele um espectro de nós.. marcando a fogo cada passo.
Estou cansado, doem-me estas cartilagens velhas, estes ossos impuros, e sinto que mais um nervo se me rasga.. Estou velho, sinto me velho... A velhice segundo dizem é um posto, mas um posto de quê? De amargura e devaneio? De procura pela idade perdida? De deleite e harmonia?
Não sinto nada disto.. sinto apenas este mofo que me infecta cada poro como se estivesse morto, sinto apenas este peso de um cadáver que se nega a cair no chão.. Estarei vivo sequer? Julgo que sim, no entanto sinto me frio, sinto me muito frio, tão frio que me congelam os sentidos, tão frio que me é negado continuar.. Vou esperar, continuarei a esperar.. imagino que algum dia será a minha vez.. Vez de sentir aquele calor que emana a tua pele, aquele aroma a inocência perdida, aquele aroma a ti...
domingo, 18 de janeiro de 2009
Cântico Negro
José Régio
"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!
quinta-feira, 11 de setembro de 2008
Soar de vivência...
Quadros geométricos, pedras preciosas, aromas das indias, buscas infindáveis de planos exotéricos. Piadas desreguladas por questões vazias e irracionais. No meio do vento, os corações gelam com risadas de lucidez. Na tristeza de arriscar o nada, surge o perder do real, na seca e pálida fusão dos seres.
Já pensaste que na verdade o sobrenatural foi criado para dar emoção aos momentos mortos? E já viste que a chuva molha a cada pingo? Como será viver perdido no nevoeiro? Qual D.Sebastião e império perdido, que doença é essa a que nos percorre na irrefutável vivência? Agarramos planos e mistérios para nos encontrarmos, lidamos com um ser que habita em nós e que repudiamos.
Parei, acendi um cigarro e despertei na chama que rompeu a escuridão, que alma perdida a tua, que rasgos tem a tua pele, como é possivel não sarar as feridas?
Vem, relaxa na ilusão dos nossos corpos, deixa o extâse orgásmico que te preenche, desvanescer no doce passar dos segundos. Mente ao mundo e grita doces notas de paixão ao meu ouvido.
Repara, a luz, o dia já rompe, cobre o teu corpo nu e procura não corar, a cada raio solar, mais um brilho preenche o teu rosto. Como brilham esses olhos, que fogueira eles transportam, que mares ja os percorreram... Sai, os passaros já tocam o sinal do teu alarme.
terça-feira, 8 de abril de 2008
Pingos geometricos...
Repara como chove la fora... como cada pingo cai e se dissolve no parapeito da nossa janela, como cada poça parece almejar ser um rio, e como cada nuvem descarrega ferozmente as suas lágrimas.
Este chá que enrosco e entrelaço em minhas mãos, tem como função aquecer um peito e reconfortar uma alma. Assim que o encosto aos lábios e sinto o seu sabor adocicado, relembro que há vida por entre a lágrima de uma nuvem, que cada porção de terra molhada dará a luz um ser, que alimentará muitos outros, que ciclo vicioso esse que nos envolve, impregnado de vida e morte, principio e fim.
Esta sensação reconfortante é agora um incomodo, e a chuva parou, o solo absorve para si os sonhos de toda uma poça, de toda uma gente. E eu? Bem, eu sou so umas mãos entrelaçadas que respiram o doce calor destas paredes que me envolvem, e cujos dedos brincam, traçando linhas quase geometricas, seguindo estes pingos que escorrem na janela do meu quarto.
domingo, 6 de abril de 2008
Podes vir, e dá me o teu pior..
Rebentam em mim, percepções inconcebiveis de uma realidade inexistente. Poesias mortas e secas planam na doce brisa da minha loucura.
Fisicamente inconcebivel é essa subida ao mais infimo de cada um de nós. Na verdade, de que me serve essa luta constante, se o fim é sempre o mesmo? Estes punhos já sangram de cansaço, mas o sonho... esse nao chega!
Com firmeza rejeito baixar a cabeça como um fraco. Seria tao simples, e todos o fazem, ouvi dizer inclusive que está na moda... Porém, a minha arrogância está acima de tudo isso, e sem medo ou pudor, foco um fim, não o meu.. o dos fracos. Aqueles que não se encontram por muito que procurem.
Lanço uma gargalhada no texto e acendo um cigarro, reparem bem como a poesia esvoaça ao fundo.. é seca, é futil. Mas tentar é de louvar e desistir é uma boa forma de negar o obvio.
Reparem a poesia, e um pouco mais abaixo quem está? Vislumbro seres que se contorcem como lesmas... ahaha, aqueles que pouco acreditam, que pontapeiam para canto as suas opiniões deixando-se levar pelas vozes dos outros... Estão ali, bem ali no meio de tudo que é igual a nada, estão a formatar mais umas caracteristicas, e como se contorcem.. tanta lama, tanta lesma!!
CHEGA!! Enoja-me este cheiro a ratos. Prefiro o doce aroma da poesia fresca, e apesar da tinta desta caneta ter secado, eu troco a carga e recomeço. Não, melhor!! Eu continuo, porque não voltarei ao principio, as riquezas que existem, serão polvilhadas pela doce mão da vontade.
Sigo regando estas palavras com sangue, suor e lágrimas. E ergo bem alto estes punhos, que apesar de estarem em carne viva, estão prontos para uma nova luta.
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